4 de abril de 2011

A tela

A tela em branco é angustiante. Por mais que você tenha vontades sufocadas, palavras guardadas e urgência de transportar tudo para a tela, você não consegue. E a tela permanece ali. Impassível. E ainda, por mais que saiba que uma vírgula ou um ponto sejam suficientes para transbordar a borda que marca o limite do vasilhame, você esmaga todas as frustrações, afunda o emaranhado de sentimentos e cria um espaço de respiro no vasilhame. Então, segue em silêncio. Às vezes, as palavras ainda não estejam maduras. Talvez não seja o tempo certo. E o cursor pisca, pisca, pisca, insistentemente na tela, imóvel e casta. E, assim, permanece até que o cursor tome a forma da profusão de palavras que estão prestes a sair.