27 de dezembro de 2011

Resoluções



Não tem jeito. Quando chega o fim, a gente se pega lendo as previsões do ano vindouro ou fazendo as resoluções. Confesso. Tenho queda por resoluções. Gosto de listar e ver o quanto progredi. Ou não. Também leio toda essa bobagem que os astrólogos dizem. Ah, sabecomé... Às vezes, as previsões podem estar certas e não quero perder as oportunidades. Apesar de que esqueço no minuto seguinte o que li. E, por mais que eu desacredite, acreditando, em horóscopo, numerologia e afins, eles são ótimos para nos distrair quando o tédio se torna maior que a preguiça.

2011 foi um ano ímpar. Trocadilhos infames à parte, este ano foi no mínimo paradoxal. O mundo viveu momentos intensos e importantes, entre tragédias e revoluções. Se for analisar, 2011 foi um ano trágico. Mas não preciso listar os porquês. Acima de tudo foi um ano de mudanças. E, embora possa parecer estranho – e esse texto sem sentido – o ano que se finda, cansativo, devagar e chuvoso, foi um ano bom para mim. Portanto, não venho dizer o que espero do temido 2012 do calendário maia, mas mostrar as conquistas desse turbulento 2011. É uma forma de agradecimento. De dar vazão aos sentimentos. E de enxergar, sobretudo, que as coisas ruins são inevitáveis, porém sempre superadas pelas coisas boas.

Não perdi ninguém que eu amo esse ano. Já me sinto realizada, feliz e tranqüila com isso. Foi um ano tão cheio de perdas, de vidas soterradas... Eu posso dizer que essa é a negativa mais feliz que faço. Como o meu propósito é não fazer mais negativas ao longo do texto, lá vai...

Cortei o cabelo mais curto, cortei franja. Nada muito audacioso ou perceptível para os outros. Entretanto, as pequenas transformações devem ser citadas. As cores dos fios continuaram as mesmas, mas não me incomodo com isso.

Li bastante. É certo que livros menos interessantes do que eu previa, mas somaram em meus conhecimentos. Até para evitar a recomendação deles aos outros. Formei! Sim, não tive um ataque fulminante por causa do TCC, mas tive fins de semana, madrugadas e dias, angustiosamente, monográficos. Contudo, venci essa etapa. Sou jornalista. Quase não escrevi poesias. O ambiente e a mente não estavam propícios. Mas sorri muito, o que ofuscou as eventuais lágrimas, e isso basta.

Ganhei um dinheirinho a mais com alguns bicos. Mas a riqueza monetária ainda é uma meta. Quero conforto, eliminar dívidas, nada muito gigantesco. Mas, é claro, que se a mega da virada sair para mim, não vou recusar.

Assisti a alguns shows. Longe da multidão, no sofá, pela internet, direto da tranqüilidade da minha casa. E, sabe, às vezes parecia que eu estava lá. Viajei para a mesma cidade três vezes esse ano. Terra da minha família. Ainda sim, conheci pessoas novas e um lugar novo. Foi a trabalho, mas foi divertido. Ampliei os contatos e horizontes.

Conquistei um emprego. Na minha área. Essa notícia ainda está fresquinha. Estou satisfeita com isso. As férias que tive foram aquelas, coletivas. Sim, descansei apenas nos feriados. OK. Em julho aproveitei e saí mais do que o esperado, mesmo estagiando. Meio que antecipando a reclusão que viria no segundo semestre do ano. Dormi menos que queria, mas acordei todos os dias, e isso sim, meu amigo, é o que importa. Despertar todos os 365 dias.

Agora, o que me orgulho de ter perdido, me contradizendo lá em cima, foram alguns quilinhos. Aderi à dieta e, olha, não foi tão ruim assim. Sobrevivi.

Reclamei muito, com razão e sem razão. É a prova de que sou humana e que nem tudo é perfeito. Tentei tirar as negativas, mas imperfeições são difíceis de eliminar, como dizia Clarice.

A tatuagem, o namoro, as atualizações freqüentes do blog, a pessoa decidida... Bem, isso são pendências que ficaram para 2012. Afinal, é complicado resolver tudo em um ano apenas. E, se são as esperanças e sonhos que nos movem e nos fazem querer viver, foi bom ter deixado de conquistar alguma coisa.

Então, o que me resta é agradecer: a minha saúde e dos meus familiares, as pessoas que conheci, a família e amigos que tenho, o meu trabalho, a minha formação, a minha vida. Agora, é preparar a comemoração e deletar as coisas que deram errado e ir rumo a um futuro, que já começou. De novo.



23 de dezembro de 2011

Presente

Passos firmes e calmos. Os cabelos já mais brancos que grisalhos.
Olhar fraterno.
Quase sempre sob lentes levemente arranhadas pelo tempo,
sustentadas por uma armação de alumínio.
O sorriso constante.
Envolto em palavras sábias ou
simples bobagens ditas sem algum constrangimento.
O zelo com os seres vivos e a solicitude em qualquer situação.
A inseparável mãezinha na gola.
Sempre ali... do lado esquerdo.
Próxima a um coração que não se abalou com os tropeços da vida;
E fez-se maior que o próprio tempo...

12 de dezembro de 2011

...


O momento é tão intenso que você se esquece dos detalhes... Ficam os sorrisos, o apoio, as palavras amigas. É como se você entrasse para outra dimensão. E ficasse alheio ao tempo, aos c o m p a s s o s. Assim, lento mesmo. Com espaços para respirar. Tudo passa sem sentir e quando você percebe, o fim está próximo. Apocalíptico, eu sei. É como uma pequena morte. O fechamento de um ciclo. Mas também é um renascimento. É saber que o futuro, aquele muitas vezes distante, está logo ali, te esperando. É a tensão que se sobrepõe ao alívio. E a certeza, que sagaz, briga para nos mostrar que sim, temos uma vida nova, cheia de possibilidades. Basta escolher um caminho. Sobretudo é a falta. A falta da rotina, das pessoas, das vozes, rostos, gostos e gestos. Embora sobre a presença do convívio, das trocas, das lembranças. É o fim do começo. E o começo do fim. É, acima de tudo, a materialização de um sentimento que se nomeia, mas não se define: a saudade. Aquela que insiste em se instalar no nosso peito, feito um vírus. ATROZ. Em letras garrafais para intensificar a dor que ela nos causa. Ilustrar a grandeza com que ela nos consome. Paradoxalmente, nos mata a conta-gotas, ao mesmo tempo, que nos alimenta e nos mantém vivo. Essa vida, que é uma constante simbiose.