31 de janeiro de 2010

Verão



Ela estava de olhos fechados. Sentia apenas a brisa leve brincar com os seus cabelos. O cheiro do fim da tarde era tão doce, principalmente, porque a chuva tinha resolvido agraciar a terra. Abriu os olhos e sorriu. Da sacada do hotel via um céu em dégradé laranja de tirar o fôlego. Mas ,o que tinha feito aquela garota respirar irregularmente durante aquelas semanas, não era o sol se despedindo do dia. Nem os perfumes do verão ou os ventos frescos. O motivo desse olhar sonhador e sorriso bobo no rosto era humano. Foi então, que sentiu uma mão cobrir a sua. Assustou-se. Não havia notado que estava sendo observada. Logo ficou calma. Ao seu lado estava o motivo de tanto pensar e de tantos suspiros. Trocaram olhares e ela continuou a admirar o entardecer. Não precisaram dizer palavra alguma. O silêncio explicava tudo. O coração batia em um descompasso muito agradável. Uma nova paixão estava iniciando. Felicidade!


25 de janeiro de 2010

Saudação Celeste

Feito de guerreiros. Guerreiros de uma nação celeste, uma China Azul.
Emoção e paixão imersas em um manto sagrado.
(Con)sagrado por títulos, raça e história.
Berço de craques, casa de reis.
Cinco estrelas que brilham no peito e na alma.
Orgulho de Minas, referência nacional.

CRUZEIRO ESPORTE CLUBE

Olhar

Eu nem tinha notado a sua presença ali. Estava me movimentando em cima daqueles trilhos, ouvindo uma música qualquer no rádio e observando a paisagem que pouco mudava. Foi quando virei o meu rosto e meus olhos trobaram com os seus. Foram dois longos segundos de um olhar intenso que mais pareceram uma eternidade. Desviei, sem graça. Ele deveria ter 1,80 m de altura e trajava uma camisa amarelo claro. Os cabelos eram curtos e pretos, tão pretos quanto a mochila que levava. Ah, os olhos, o pivô de tudo, eram pretos também. Uma beleza comum, sem exageros. E isso foi o que a minha visão míope conseguiu exergar, já que a distância que nos separava era consideravelmente grande. Aí, começou a procura pelos olhares, os esbarros e as trocas. As pessoas eram obstáculos a se vencer, nessa busca dos olhos. Foi assim até a estação final. Me levantei. Saímos por portas diferentes e nos lançamos na multidão que nos aguardava. Eu não olhei para trás e ele de certo, não me procurou. O que sobrou daquele instante foram apenas olhares, vinte minutos de maravilhosos olhares.

22 de janeiro de 2010

Nostalgia

Quero um poema assim,
Facinho de ler
E que lembre as tardes de domingo na casa da vó.
Quero um poema assim,
Cheio de lembranças
Das brincadeiras com os primos nas férias de verão.
Quero um poema assim,
Com aquele cheirinho
De bolo recém saído do forno pela manhã
Quero um poema assim,
Bem singelo
como o abraço e o sorriso sempre abertos de mãe
Quero um poema assim,
Desse jeitinho, bem simplesinho
Que expresse a nostalgia dos meus dias infantis.

13 de janeiro de 2010

Palavras


Às vezes minhas palavras saem como borboletas.

Leves, suaves, coloridas.

Alegram, confortam, arrancam sorrisos.

Outras vezes, minhas palavras saem como uma revoada de pássaros.

Afoitas, gritadas, obscuras.

Ferem, magoam, se misturam com as lágrimas.

Nem sempre as uso na hora certa.

Mas, fico feliz quando elas saem.

Assim, fica mais fácil suportar a minha existência.

Constatação.


Mais doloroso que sentir saudade de quem está longe, é sentir saudade de quem está perto.

7 de janeiro de 2010

Estado



Tudo é estado. Se está alegre ou triste, bem ou mal, angustiado ou aliviado, esclarecido ou confuso. Quando estamos uma gama de possibilidades, nuances, se abrem. O estado é mutável, instável como a vida. Não existe ser humano, existe estar humano. Ser limita. Eu não sou. Ninguém é. Nós estamos. Sempre.



6 de janeiro de 2010

Platônico



E assim, aos poucos, fui me rendendo as suas palavras doces, as suas carícias e aos seus olhares. Pena que nesse jogo a entrega é unilateral. Você ainda é uma instigante incógnita.

5 de janeiro de 2010

Tudo novo, de novo


Começa a contagem regressiva e ela fecha os olhos. É como se todos os problemas, todas as mágoas, as angústias ficassem para trás. É impressionante como uma noite tem o poder de renovar. Ela faz pensamentos positivos, traça novos planos, se enche de sonhos, esperanças e tem um desejo enorme de se transformar em outra. Um ano novo acabou de chegar, liso como uma folha em branco esperando o futuro ser escrito. Então, ela abre os olhos. Em dez segundos o seu presente virou o seu passado, porém tudo continua igual. Aí ela se dá conta de que “O tempo não existe. É apenas uma convenção” * que nos ilude, nos faz pensar que de um dia para o outro teremos uma nova vida. Apesar disso, ela sorri. Sorri porque durante essa virada ela sentiu a felicidade, sentiu a vontade e a força necessária para mudar. Sorri porque todos os dias são iguais, exceto 31 de dezembro, e porque poderá senti-lo enquanto estiver nesse mundo.

P.S: Com o nascer deste ano, nasce esse blog e que dure o tempo necessário para que as nossas idéias não se tornem monótonas.

* O autor dessa frase é Jorge Luís Borges