25 de janeiro de 2010

Olhar

Eu nem tinha notado a sua presença ali. Estava me movimentando em cima daqueles trilhos, ouvindo uma música qualquer no rádio e observando a paisagem que pouco mudava. Foi quando virei o meu rosto e meus olhos trobaram com os seus. Foram dois longos segundos de um olhar intenso que mais pareceram uma eternidade. Desviei, sem graça. Ele deveria ter 1,80 m de altura e trajava uma camisa amarelo claro. Os cabelos eram curtos e pretos, tão pretos quanto a mochila que levava. Ah, os olhos, o pivô de tudo, eram pretos também. Uma beleza comum, sem exageros. E isso foi o que a minha visão míope conseguiu exergar, já que a distância que nos separava era consideravelmente grande. Aí, começou a procura pelos olhares, os esbarros e as trocas. As pessoas eram obstáculos a se vencer, nessa busca dos olhos. Foi assim até a estação final. Me levantei. Saímos por portas diferentes e nos lançamos na multidão que nos aguardava. Eu não olhei para trás e ele de certo, não me procurou. O que sobrou daquele instante foram apenas olhares, vinte minutos de maravilhosos olhares.

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