19 de fevereiro de 2010

"Vem andar e voa "

Entrou no ônibus e sentou na última poltrona. Lugar habitual de quem gosta de evitar conversas, dormir e sentir o incômodo sacolejar do veículo. Afroxou o elástico do cabelo, encostou a cabeça na poltrona, fechou os olhos e esqueceu de si. No ouvido, os fones tocavam uma música que adora e tinha esquecido. Fazia muito tempo que não a escutava. Sorriu mentalmente. Tirava o seu cochilo rotineiro até chegar em casa. Sabia todas as curvas, sinais e paradas até o destino final. E foi assim até a hora de parar o descanço dos olhos. Arrumou o cabelo que estava um pouco rebelde devido ao vento que entrava pela janela aberta. Conferiu no espelho o rosto meio amarrotado. Levantou e puxou a corda que avisa ao motorista o momento de parar. Arrumou a mochila no corpo e desceu. Desceu também a rua que levava ao seu lar ainda carregando os fones de ouvido. Nesse dia, carregava também a estranha sensação de descobrir a novidade de algo já antigo. A música despertou as suas lembranças e a sensação de bem-estar que há muito tempo não tinha.




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