24 de junho de 2010

Agudo

Acordou assustada, em sobressaltos, na cama. Respiração ofegante e entrecortada. Sufoco. Demorou um pouco para abrir os olhos, que arregalados, contemplavam a escuridão da madrugada. A penumbra cobria suas pernas, ventre, braços, peito, rosto. Agitada, não ordenava os pensamentos. O contato do lençol na pele era insuportável porque o suor frio que lhe escorria pelo corpo grudava em tudo. Asco. A secura da garganta impedia que qualquer fio de voz pudesse sair da sua boca. Estava pálida, quer dizer, sentia que estava. Tremia. O peso da angústia esmagava todo o seu ser. A mente atordoada que o silêncio consumia lentamente a deixava mais apavorada. Ao seu lado, ouviu um grunhido de uma boca masculina que completava a outra parte da cama. Dizia algo quase incompreensível, mas em meio ao seu desespero agudo, significou "o que foi?". Com a voz abafada e cobrindo o corpo todo, apenas deixando os olhos expressivos visíveis, sussurou: "tenho medo de desaparecer". Não foi ouvida e ficou encolhida até a manhã chegar.

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