4 de março de 2010

Conversa de vinte minutos


- É eu acho bacana a gente fazer assim, alguma coisa diferente.
- Eu também.
- Fugir desse engessamento.
- Isso. Talvez não falar só de cultura, aquelas coisas de sempre, mas colocar algo
mais literário...
- Eu acho a cara de vocês
- Mas aqui, peraí rapidinho. Deixa eu fazer uma pergunta para vocês. Qual o papel do filósofo?

...

- Ah, o filósofo pensa a sociedade...
- É, questiona os problemas, reflete sobre a humanidade.
- Ele faz aquilo que a gente deixou de fazer...
- É... pensar. Nos tornamos preguiçosos...
- É, preguiça pura.
- E essa chuva que não acaba? Queria tanto tomar um café!
- Tô é afim de respirar ar puro. Eu preciso disso.
- Mas aonde ?
- Vamos sentar ali embaixo, naquelas mesinhas.

Foram. Puxaram quatro cadeiras e sentaram.
Os três rapazes e ela.
E aí, o tempo passou a correr de outra forma.
Falaram, aos turbilhões:
xadrez, viagens, Rio de Janeiro, alemão, raizes.
Poemas, livros, Saramago.
Um desabafo, ilustrações, boemia, janelas.
Cigarro, fumaça e um "pito" do vigia.
Risadas, jornalismo e as entresafas que a vontade de escrever causa.
Inspirações de várias formas, contraste de estilos
que por serem tão gritantes, se completam.
Só que o tempo, resolveu voltar ao normal.

- Nossa! Vamos subir, já são quase 1o horas.
- Eu tô atrasado, tchau para vocês.
- Vou fazer outro caminho
- Vamos então.

Levantaram. Um partiu, outros desviou a rota e dois seguiram pelas escadas.

- Eu fiquei bobo um dia.
- Por que?
- Vi um cara que tava tão bêbado, que nao conseguia nem articular as palavras...

Risos.

- Sério. Deve ser alcoolatra.
- Cuidado para nao ficar assim.

Entraram na sala e o que aconteceu depois já nao interessa.
Uma conversa de vinte minutos apenas. Mais rica do que se pretendia.
Uma conversa jogada fora, mas nada de menos.

Dedicado aos meus companheiros de faculdade. Conversa do dia 03/03, uma quarta chuvosa e cinzenta, feita para relexões.

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